Por Adriana Moura
Zé Maria, como é chamado pelos moradores da comunidade, veio de família humilde e foi criado junto com 13 irmãos em São João Evangelista no Estado de Minas Gerais. Aos 10 anos de idade começou a trabalhar para fazendeiros, lavradores, vaqueiros e em carros de boi para ajudar a família. Aos 17, já em São Paulo, trabalhou como ajudante de pedreiro e encarregado, até que chegou a Paraisópolis no ano de 1978. Na época a comunidade era habitada por poucos moradores, que sofriam as dificuldades para conseguir moradia digna.
Na comunidade ele contribuiu com trabalhos coletivos, ficou conhecido por membros da subprefeitura do Campo Limpo, Butantã e por moradores que por muitas vezes se empenharam com ele saindo às ruas em protestos e passeatas que aos poucos se transformaram na construção do que hoje é a segunda maior comunidade de São Paulo, habitada por mais de 80 mil moradores.
No tempo em que Mário Covas era governador, Zé Maria foi um dos moradores que poderiam construir sua casa de bloco, porém, era em uma época em que as casas ainda eram quase todas feitas de madeira, e essa era a maior dificuldade, mas com a ajuda de moradores, da prefeitura e do governo foi que vieram as casas de bloco que ninguém mais derrubou. Trabalhou na União dos Moradores por 10 anos, quando a sede era apenas um barraco de madeira, na época em que Betânia e depois José Rolim foram presidentes. Acompanhou a implantação do Projeto Taxa Mínima para eletricidade e água. Defendeu juntamente com a comissão, o Projeto Nova Luz para Paraisópolis, que causou a queda de tarifas sociais por meio de um abaixo-assinado que reuniu Paraisópolis, foi levado para a câmara dos vereadores e em seguida foi aprovado pelo senado. Foi um dos que lutou contra a criação da avenida que seria construída no governo de Paulo Maluf, que cortaria Paraisópolis, onde hoje é a Rua Pasquale Gallupi. Reivindicou para que o Cheque-despejo se tornasse o Bolsa-aluguel, no qual todos teriam direito à moradia. Quando a Marta Suplicy era prefeita e montou um projeto em benefício a comunidades carentes, o primeiro lugar a ser beneficiado foi Paraisópolis e Zé Maria participou fazendo a contagem de pessoas para o senso por seis meses, então foi montada uma comissão com a população para a urbanização e melhores habitações. E ainda, depois de tantas lutas, Zé Maria recebeu uma carta fechada, dizendo que os vereadores haviam aprovado a apropriação de terras e que em três meses a prefeitura poderia entrar com as desapropriações das ZEIS vazias para interesses sociais.
Zé Maria hoje é uma das pessoas que podem contar um pouco da história de Paraisópolis por sua grande participação e influência junto aos moradores. Ele criou uma entidade legalizada chamada União em Defesa das Moradias, feita para que os moradores tenham força nas reivindicações.