Fonte: O Estado de S.Paulo 29 de abril de 2012 | 3h 06
Autor de outros projetos de prédios pela cidade, Sebastião Ankerkrone diz ter notado interesse de construtoras pela favela
O arquiteto Sebastião Ankerkrone, de 74 anos, já projetou prédios por toda a cidade e agora vai deixar sua marca em Paraisópolis. De uns tempos para cá, tem notado o interesse de grandes construtoras pela favela. Ele já recebeu duas encomendas da RD Construções e projetou o primeiro empreendimento para a favela: um prédio comercial.
São 34 escritórios de 63 metros quadrados, com 42 vagas na garagem, dois elevadores e 12 andares, que devem ser vendidos por R$ 160 mil. Outro terreno de 1,5 mil m² já foi comprado pela construtora e um novo prédio deve ser construído no local. "Vai haver uma renovação urbana em Paraisópolis. Diversas construtoras estão procurando terrenos por aqui", diz Ankerkrone.
Paraisópolis vive uma pequena revolução urbanística. Pelo menos 3 mil unidades de novos apartamentos estão sendo feitas. Além disso, o monotrilho ligando o bairro a Congonhas vai passar pela favela e o interesse pela área será ainda maior.
Negócios. Para aqueles que ficaram, a valorização dos imóveis foi grande. Aproveitando-se das regras urbanísticas flexíveis das favelas, moradores verticalizaram as casas. A comerciante Gilda de Oliveira tem hoje uma casa com 12 cômodos e quatro andares. No térreo, ela montou uma venda e uma lanchonete. E abandonou o trabalho de doméstica. Seu imóvel vale R$ 300 mil. "Mas, se alguém oferecer esse valor, acho que não vendo", diz.
Na frente de sua casa, o mestre de obras Manuel de Carvalho levanta um complexo de casas de cinco andares, onde pretende morar, alugar e abrir comércio. Está avaliado em R$ 500 mil. Uma dessas salas ele já conseguiu vender por R$ 35 mil. "Ainda acho que foi barato. Vendi muito rápido", diz. / B.P.M.