De acordo com dados do American Journal of Infection
Control, mais de 164 milhões de abstenções são registradas anualmente em
escolas públicas dos Estados Unidos devido à propagação de doenças infecciosas.
Deste contingente, 3 milhões de faltas são resultado de conjuntivite aguda.
"A conjuntivite é muito comum entre as crianças. A
única maneira realmente eficiente de evitar que a doença se espalhe entre as
crianças é reforçar os bons hábitos de higiene, na escola e em casa”, afirma o
oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias
Oculares.
O que é a conjuntivite?
Conjuntivite é o termo usado para caracterizar o inchaço da
conjuntiva, fina membrana delgada e transparente que reveste a parede do globo
ocular e das pálpebras. Existem três formas de conjuntivite: as virais, as
bacterianas e as alérgicas.
“A conjuntivite viral, a forma mais comum da moléstia, é
causada pelo mesmo vírus que provoca o resfriado comum. Assim como um
resfriado, que se espalha rápido entre as crianças, esta forma de conjuntivite
também é muito contagiosa”, explica a oftalmopediatra, Laura Duprat, que
integra o corpo clínico do IMO.
A conjuntivite bacteriana é uma forma altamente contagiosa
da moléstia, causada por infecções bacterianas. “Este tipo de conjuntivite
geralmente deixa o olho bem vermelho e com uma grande quantidade de pus”,
explica a médica.
“A conjuntivite alérgica é uma forma da doença causada por
uma reação do corpo a um alérgeno ou irritante. Não é contagiosa. Este tipo de
conjuntivite é geralmente associado com vermelhidão na parte branca do olho ou
da pálpebra interna”, explica a oftalmopediatra.
Como prevenir o aparecimento da conjuntivite entre as
crianças?
“A conjuntivite, seja ela bacteriana ou viral, pode ser
bastante contagiosa. As crianças são geralmente mais suscetíveis de adquirir
uma destas formas da doença - provocadas por bactérias ou vírus - porque elas
estão em contato com muitas outras crianças em escolas ou creches”, explica a
oftalmopediatra do IMO, Laura Duprat.
A seguir, a médica enumera algumas das maneiras mais comuns
de adquirir as formas contagiosas da conjuntivite:
• Reutilizando
lenços e toalhas ao limpar o rosto e os olhos;
• Esquecendo
de lavar as mãos frequentemente;
• Tocando/coçando
freqüentemente os olhos;
• Usando
cosméticos inapropriados para a idade, e / ou compartilhando cosméticos com
outras pessoas;
• Não
limpando as lentes de contato corretamente;
• Não
usando óculos de mergulho para nadar;
• Nadando
em piscinas sem cloro ou em lagos.
“Incentivar bons hábitos de higiene entre as crianças pode
ajudar a prevenir a propagação da conjuntivite. Se uma criança com a doença –
ainda sem diagnóstico – frequentava a escola ou a creche, é muito importante
que, após o diagnóstico, as demais adotem medidas visando prevenir a propagação
da doença”, alerta a médica.
Segundo Laura Duprat, pais e professores devem trabalhar em
conjunto:
• Incentivando
as crianças a lavar as mãos frequentemente;
• Recomendando
que evitem tocar/coçar os olhos;
• Desencorajando-os
a fazer o compartilhamento de toalhas, panos, lenços e tecidos para limpar o
rosto e os olhos.
Tratando o problema
“Nos casos de conjuntivite viral, os sintomas podem se
estender por uma ou duas semanas e depois desaparecem por conta própria. Já nos
casos de conjuntivite bacteriana, o oftalmologista normalmente prescreve um
colírio para tratar a infecção. E no tratamento da conjuntivite alérgica,
geralmente o oftalmologista recomenda a aplicação de compressas frias nos olhos
e a ingestão de anti-histamínicos”, explica a oftalmopediatra.
É oportuno esclarecer pais e professores que somente o
oftalmologista pode fazer o diagnóstico correto do tipo de conjuntivite de cada
criança, antes de prescrever o tratamento adequado. “Ao suspeitar que uma criança
tem conjuntivite, os pais não devem sair por aí, comprando remédios indicados
por amigos. A indicação de qualquer remédio só pode ser feita por um
oftalmologista. Alguns colírios são altamente contra-indicados porque podem
provocar sérias complicações e agravar o quadro de inflamação”, alerta Laura
Duprat.
Dicas para cuidados domésticos
Segundo a oftalmopediatra Laura Duprat, uma compressa
aplicada às pálpebras fechadas pode aliviar um pouco o desconforto da
conjuntivite. “Para fazer uma compressa, basta molhar gaze em água filtrada e
fria e aplicá-la sobre os olhos por mais ou menos 20-30 minutos, duas ou três
vezes ao dia. Se a criança tem conjuntivite em um olho apenas, não use a mesma
gaze em ambos os olhos, a fim de evitar a propagação da infecção de um olho
para o outro”, explica a médica.