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terça-feira, 7 de junho de 2011

Urbanização de Paraisópolis deve levar em conta o fator humano


Luiz Flavio Editor chefe do Jornal Paraisópolis New

É incrível, mas o que está acontecendo em Paraisópolis dificilmente acontecerá em qualquer outra comunidade brasileira. As intervenções urbanísticas que têm sido realizadas em Paraisópolis partem do maior Projeto de Urbanização executado na América Latina. Para se ter idéia da grandeza da façanha que está sendo realizada em nossa comunidade através do Projeto de Urbanização basta pesquisar notícias de fora do país e se constatará que Paraisópolis é um lugar ímpar. O projeto para urbanizar nossa comunidade foi o principal destaque na 5 ª Bienal Internacional de Arquitetura de Roterdã na Holanda, também ganhou o principal destaque na 17ª Bienal Panamericana de Arquitetura de Quito, no Equador, realizada nos dias 15 e 19 de novembro de 2010, onde o plano arquitetônico desenvolvido para Paraisópolis ficou em primeiro lugar. Somos a “comunidade modelo” de implantação para arquitetos e urbanistas em todos os lugares do mundo, e para comprovar isso temos recebido em nossa comunidade uma vez por mês visitas de alunos e profissionais de urbanismo de vários países do mundo além de sermos tema das principais publicações de Urbanismo.
A urbanização já entrou em sua 3ª fase que com toda a certeza não será como as outras. Trata-se da Canalização do Córrego Antonico que desapropriará 700 famílias, onde vislumbramos ser a fase mais difícil a ser realizada e que terá maior impacto sobre a vida de centenas de pessoas que moram nesta região tão sofrida da nossa comunidade. Tenho observado nas minhas conversas os com moradores, que a falta de informação com relação às obras da urbanização é muito grande. O clima de incerteza é uma constante na vida dos moradores que vivem próximos as áreas consideradas “de risco”, e a grande maioria não sabem o que ocorrerá, nem os direitos que têm em relação as suas moradias. Muitos moradores desconhecem que há pessoas na comunidade responsáveis por representá-los no Conselho Gestor de Moradia, na verdade muitos moradores não têm noção da importância do órgão para fazer valer seus direitos, outros não sabem quem são os seus representantes na região onde moram, pois o Conselho passou por eleição recentemente e há alguns gestores novos no cenário que não conhecem a realidade dos problemas de moradia da comunidade.
No percurso do córrego existem igrejas, mercados, bares e casas de pessoas que ha décadas residem em seu entorno, pessoas que formaram famílias e não querem sair de Paraisópolis, acho que algo que vai interferir de maneira tão significativa no futuro da comunidade deve ser levado mais em consideração, deve ser apresentado com maior clareza aos moradores e seus representantes. Se supuser que as 700 famílias que serão retiradas têm cerca de três moradores por Imóvel, só aí daria cerca de 2.100 pessoas retiradas do local. De que forma será feita essa retirada? Já estão sendo construídas habitações para toda essa gente? Se estiverem, onde serão e como serão?
O fato é que Paraisópolis esta mudando, e muito rápido, mas os tratores do progresso devem considerar o fator humano, e nessa matéria de contingência a nossa comunidade ainda tem o título de segunda maior da cidade de São Paulo.

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