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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Câmara de São Paulo autoriza construção de monotrilho no Morumbi

Diego Zanchetta, de O Estado de S. Paulo


Desapropriação prevista é de 18 campos de futebol; moradores reclamam do 'Novo Minhocão'

14 de dezembro de 2011 | 20h 31



SÃO PAULO - A Câmara Municipal aprovou nesta quarta-feira, 14, a abertura de uma nova avenida de 6,1 km no Morumbi, o que também abre caminho para a construção de uma linha do Monotrilho no meio do bairro da zona sul de São Paulo. O relatório de impacto ambiental do projeto da linha-17 ouro do Metrô aponta que será necessária a remoção de casas de alto padrão em uma área superior a 18 campos de futebol entre a Praça Roberto Gomes Pedrosa, na frente do Estádio do Morumbi, até a Ponte João Dias, na Marginal Pinheiros.
A inauguração da linha que vai ligar o Aeroporto de Congonhas e o Morumbi está prevista para o 1.º semestre de 2013. Mais de três mil moradores do bairro se organizaram em uma ação civil pública contra a obra, chamada de “Novo Minhocão”. Eles também reclamam que as desapropriações vão afetar uma área residencial onde estão mais de 120 casas e mansões e tentam paralisar o Metrô aéreo na Justiça. Por outro lado o governo do Estado e a Prefeitura argumentam que a linha vai suprir a carência de transporte público para a população de 80 mil moradores de Paraisópolis, a segunda maior favela da capital, localizada ao lado do Morumbi
Ao todo 49 dos 55 parlamentares paulistanos votaram favoráveis ao Monotrilho. Contra marcaram os vereadores Adilson Amadeu (PTB), Aurélio Miguel (PR), Juliana Cardoso (PT) e Antonio Carlos Rodrigues (PR). Na justificativa do projeto aprovado nesta quarta para a abertura de nova via paralela à Avenida Giovanni Gronchi, o prefeito Gilberto Kassab diz que a medida visa a implementação do Monotrilho. Morador no bairro, Miguel foi o principal opositor da proposta. “A população está sendo enganada. O prefeito diz que é uma nova avenida e leva um minhocão para o bairro”, disparou o parlamentar.
No último trecho da futura avenida, que terá 2,4 km, o trajeto vai atravessar a Rua Itapaiuna, que vai de Paraisópolis à Ponte João Dias. A ligação terá duas pistas com três faixas cada. No resto da Avenida Perimetral, como foi chamada na proposta, a previsão são duas pistas em cada sentido e canteiro central de 2 m de largura, onde serão erguidos postes do monotrilho da Linha 17-Ouro (Congonhas-Morumbi).
Os trens se deslocarão por quase 20 km de vias elevadas a 15 metros de altura, sustentadas por pilares construídos a cada 30 metros. “Desde que o governo divulgou o trajeto da linha (em junho de 2010) os imóveis vizinhos dos futuros pilares se desvalorizaram mais de 40%. Até as incorporadoras que tinham projetos aprovados na região resolveram congelar as construções com medo que o impacto visual das pilastras afastem compradores”, reclama Augusto Finatti, de 41 anos, corretor de imóveis no Morumbi há duas décadas.
Defesa. Vereadores governistas defenderam a linha do Metrô elevado e classificaram de “preconceituosa e elitista” a reação contrária de parte da população do bairro. “O morador de Paraisópolis nunca teve transporte público de qualidade na porta de casa. Me parece uma reação igual à dos moradores diferenciados de Higienópolis”, argumentou Cláudio Fonseca, líder do PPS.
Marco Aurélio Cunha, líder da bancada do PSD, a maior da Casa com 13 vereadores, também pressionou pela aprovação do Monotrilho. “O interesse de maioria tem de prevalecer. A população de Paraisópolis vai ter Metrô integrado com a CPTM”, disparou. A nova votação do projeto deve ocorrer na quinta-feira à noite, na última sessão do ano.