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terça-feira, 5 de junho de 2012

Dentro das casas de Paraisópolis


  • Fonte: 
  • http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/dentro-das-casas-de-paraisopolis/


  • 4 de junho de 2012 | 
  • 23h04 
  • GIO MENDES

    Moradores da Favela de Paraisópolis, na região do Morumbi, zona sul de São Paulo, abriram as portas de suas casas para a fotógrafa Renata Castello Branco, de 56 anos, retratar a criatividade com que decoram seus lares.
    Após um ano e meio de trabalho, Renata reuniu 95 fotos do interior das residências para fazer a exposição Paraisópolis: uma cidade dentro da outra, que será inaugurada hoje para convidados no Sesc Pompeia, na zona oeste, e a partir de amanhã estará aberta ao público. Em agosto, a mostra fotográfica será exibida no Centro Educacional Unificado (CEU) Paraisópolis.
    Segundo Renata, a ideia para a mostra fotográfica surgiu depois que ela viu uma exposição com retrospectiva das obras do artista plástico carioca Hélio Oiticica ((1937-1980). “Eu estava vendo o trabalho dele com os parangolés e li um texto no qual o Oiticica falava que a origem deles vinha da estrutura fragmentária das favelas, como uma colcha de retalhos.”
    Os parangolés eram capas coloridas usadas sobre os corpos de dançarinos e chamadas por Oiticica de “pinturas vivas e ambulantes”. O artista criou a peça nos anos 60, quando começou a frequentar o Morro da Mangueira no Rio de Janeiro.
    Em 1965, Oiticica foi expulso de uma mostra no Museu de Arte Moderna do Rio porque levou integrantes da escola de samba Estação Primeira de Mangueira vestidos com parangolés ao evento.
    Renata, que já tinha feito uma foto geral da Favela Paraisópolis para seu arquivo alguns anos antes, contou com a ajuda de um guia da comunidade conhecido como Negro San para percorrer cerca de 400 residências em uma área conhecida como Grotinho.
    “O meu interesse foi mostrar espaços que eram internamente estruturados. As casas são bem decoradas, de acordo com a estética de cada morador, e têm uma alegoria de cores vivas”, disse.
    Foram cerca de 4 mil fotos feitas dentro de 84 casas de Paraisópolis.
    “As pessoas tinham orgulho de mostrar suas casas”, contou a fotógrafa. Em entrevista ao Jornal da Tarde, duas moradoras de Paraisópolis disseram que adoraram ter seus imóveis retratados por Renata.
    “Para ser sincera com você, eu me senti bem importante naquele momento”, disse a estudante Luciana Nunes dos Santos, de 17 anos, que mora sozinha com um casal de filhos.
    A exposição começa com um video mapping (projeções em superfícies tridimensionais) da comunidade do Grotinho, onde foram feitas as fotos em Paraisópolis.
    Depois de conferir as 95 fotografias – que serão expostas em quatro tamanhos, entre 50x75cm e 160x240cm -, o visitante poderá ver vídeos com depoimentos de alguns moradores e de membros da equipe de Renata, que serão transmitidos em seis televisores com fones de ouvido.
    “Os moradores falaram porque organizaram os espaços de suas casas daquela maneira”, disse Renata.